sábado, 7 de setembro de 2019

Robô-minhoca em miniatura podem realizar cirurgias cerebrais em breve

Robô-Minhoca - Instituto de Tecnologia Mas

               Pesquisadores liderados pelo engenheiro mecânico Yoonho Kim, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, apresentaram uma prova conceito para um robô miniaturizado, macio e altamente flexível capaz de navegar pelos capilares estreitos do cérebro humano. O amplo design da máquina não é, por si só, incomum. Ela se enquadra em uma classe conhecida no jargão como robôs de continuum suave - e, mais coloquialmente, como robôs-cobra. Variantes já estão sendo testadas para uso em cirurgia cardíaca, porém ainda são grandes demais para navegar pela delicada vasculatura do cérebro.
               Os pesquisadores construíram um modelo virtual em escala para representar a vasculatura do cérebro, cheia de cantos apertados, rotas tortuosas e obstáculos na forma de aneurismas simulados. Um análogo digital de robô-cobra de Kim conseguiu passar com facilidade e também foi capaz de demonstrar um pequeno laser embutido, usado para realizar cirurgias. Esse conceito criado pela equipe do engenheiro mostra um grande avanço para a tecnologia na medicina. Os robôs atuais ainda sofrem com certas restrições, como tamanho e atrito.


               Até agora, no entanto, considerações físicas e mecânicas impuseram restrições à miniaturização. Os sistemas de propulsão, direção e potência - incluindo ímãs rígidos e redes hidráulicas - restringiram os robôs a escalas de centímetros ou, às vezes, de milímetros. Porém, ainda assim eram grandes demais para navegar na vasculatura do cérebro. Um segundo problema com projetos de continuum suave foi o atrito. Muito parecido com um verme que se move pelo solo, os robôs raspam o ambiente, gerando calor e podendo causar danos aos tecidos. A versão projetada por Kim e colegas, no entanto, ajuda bastante na solução da maioria dos problemas. O corpo é feito de uma matriz polimérica macia - que pode ser impressa em 3D ou moldada por injeção -, na qual é implantada uma rede de micropartículas magnéticas. Os mini-ímãs, ativados em conjunto ou individualmente por um cirurgião-roboticista, podem ser usados para determinar a direção da locomoção.
               Uma pele de hidrogel, com apenas alguns nanômetros de profundidade e feita de polímeros reticulados, reveste a parte externa do robô. Os pesquisadores dizem que, em testes, o revestimento reduziu o atrito em comparação com os dispositivos já existentes. Além disso, a ausência de componentes rígidos, fios ou sacos cheios de fluido permite que a cobra-robótica seja produzida em escalas submilimétricas. A pesquisa até o momento foi realizada em modelos de computador ou amostras de tecidos. Os pesquisadores admitem que são necessários mais testes - particularmente nas áreas de biocompatibilidade e vida útil mecânica - antes que os testes em humanos possam começar.




quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Sensor colado no dente monitora tudo o que você come ou bebe

O sensor de 2 milímetros quadrados não deixa que você engula nada sem registro. 
[Imagem: Fio Omenetto/Tufts University]

Sensor de comida e bebida

               Sensores miniaturizados, montados diretamente nos seus dentes e se comunicando sem fios com um dispositivo móvel, poderão transmitir informações sobre tudo o que você come ou bebe - toda a sua ingestão de glicose, sal ou álcool, por exemplo. Peter Tseng e seus colegas da Universidade Tufts, nos EUA, afirmam que futuras adaptações permitirão que esses sensores detectem e registrem uma ampla gama de nutrientes, substâncias químicas e até estados fisiológicos.
               Talvez isso permita que as redes sociais e sites de busca lhe ofereçam na hora produtos que possam combinar com o que você está bebendo ou comendo - ou dicas de dieta -, mas a equipe prefere pensar no contexto de cuidados da saúde ou estudos clínicos, que permitirão monitorar a ingestão real de nutrientes ou substâncias e drogas sem depender da observação pessoal dos participantes. Dispositivos usados hoje para monitorar a ingestão alimentar têm várias limitações, como exigir o uso de protetores bucais e precisarem ser substituídos frequentemente, já que os sensores se degradam rapidamente.

Sensor RFID

               O sensor mede 2 mm x 2 mm e foi projetado com uma flexibilidade que permite que ele grude na superfície irregular de um dente.
               O protótipo é composto por três camadas intercaladas: uma camada central "biorresponsiva", que absorve o nutriente ou substância química a ser detectada, e camadas externas, nas quais estão dois anéis de ouro em forma de quadrado. Esses quadrados são na verdade antenas RFID, similares às que são usadas para identificação de produtos nas lojas de departamento - o ouro foi escolhido pela sua biocompatibilidade, já que seria problemático colocar os metais das antenas RFID comuns na boca. A antena coleta e transmite ondas no espectro de radiofrequência. Quando uma onda externa atinge o sensor, parte dela é cancelada e o restante transmitido de volta, exatamente como uma tinta azul absorve os comprimentos de onda mais vermelhos e reflete o azul de volta aos nossos olhos.
               O sensor, no entanto, pode mudar sua "cor" - nesse caso trata-se de uma frequência de rádio e não de ondas visíveis. Por exemplo, se a camada central entrar em contato com sal - ou etanol ou outra substância - suas propriedades elétricas se alteram, fazendo com que o sensor absorva e transmita um espectro de radiofrequência diferente, variável de acordo com a substância. É assim que os nutrientes e outros analitos podem ser detectados e medidos.

"Em teoria, podemos modificar a camada biorresponsiva nesses sensores para focar outras substâncias químicas - estamos na verdade limitados apenas pela nossa criatividade," disse o professor Fiorenzo Omenetto. "Nós ampliamos a tecnologia comum RFID [identificação por radiofrequência] para um sensor que pode ler e transmitir dinamicamente informações sobre seu ambiente, seja fixado a um dente, à pele ou a qualquer outra superfície."

Bibliografia:

Artigo: Functional, RF-trilayer sensors for tooth-mounted, wireless monitoring of the oral cavity and food consumption
Autores: Peter Tseng, Bradley Napier, David Kaplan, Logan Garbarini, Fiorenzo Omenetto
Revista: Advanced Materials
DOI: 10.1002/adma.201703257



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Nano-ouvido supera tímpano humano

Os nano-ouvidos são formados por camadas atomicamente finas de molibdenita. [Imagem: Case Western Reserve University]

     Membranas com a espessura de poucos átomos estão permitindo construir "nano-ouvidos" superpotentes, capazes de receber e transmitir uma faixa de frequências muito acima daquela que o ouvido humano pode ouvir. As membranas atomicamente finas são trilhões de vezes - 10 seguido de 13 zeros - mais finas do que o tímpano humano. A ideia é construir uma nova geração mais eficiente e ultraminiaturizada de dispositivos, incluindo não apenas microfones e alto-falantes, mas toda uma gama de tecnologias sônicas - brocas, sistemas de levitação e raios tratores são alguns exemplos.
         O problema em miniaturizar os dispositivos sônicos está justamente na obtenção de uma faixa dinâmica mais larga."No final, precisamos de transdutores que possam manipular sinais sem perder ou comprometer a informação, tanto no 'teto do sinal' (o nível mais alto de um sinal não distorcido), quanto no 'piso de ruído' (o menor nível detectável)," explicou o professor Philip Feng, da Universidade Case Western, nos EUA.

Membranas atômicas

         O tímpano humano normalmente tem um alcance dinâmico de 60 a 100 dB na faixa de 10Hz a 10kHz, e nossa audição diminui rapidamente fora dessa faixa de frequência. Outros animais, como o gato doméstico ou a baleia beluga, podem ter faixas dinâmicas comparáveis ou ainda mais amplas em bandas de frequência mais altas. As membranas vibratórias em nanoescala desenvolvidas pela equipe foram fabricadas de camadas atômicas de cristais semicondutores. Foram testadas de uma a quatro camadas de cristais de molibdenita (MoS2), medindo 0,7, 1,4, 2,1 e 2,8 nanômetros, respectivamente. Cada membrana mede 1 micrômetro de diâmetro.

Os nanotímpanos alcançam a qualidade de audição dos gatos. [Imagem: Case Western Reserve University]

Audição dos gatos

          O resultado é um nano-ouvido superior ao ouvido humano, comparável em capacidade de detecção ao ouvido de um gato. As nanomembranas apresentam uma excelente capacidade de "sintonização", o que significa que seus tons podem ser manipulados esticando as membranas usando forças eletrostáticas, semelhante ao que se faz quando se afina o som de um instrumento musical. O consumo de energia fica na faixa dos picowatts (10-12 Watt) aos nanowatts (10-9 Watt) para um funcionamento sustentado.

Bibliografia:

Electrically tunable single- and few-layer MoS2 nanoelectromechanical systems with broad dynamic range
Jaesung Lee, Zenghui Wang, Keliang He, Rui Yang, Jie Shan, Philip X.-L. Feng
Science Advances
DOI: 10.1126/sciadv.aao6653





quinta-feira, 5 de abril de 2018

Olho eletrônico combina lente plana com músculo artificial

Foto do protótipo ainda sem as conexões elétricas. O efeito iridescente é produzido pelas nanoestruturas da metalente. [Imagem: Harvard SEAS]

          Embora seja um dispositivo básico e ainda rudimentar em comparação com o olho humano, o protótipo é uma demonstração de conceito de um olho artificial controlado eletronicamente. "Esta pesquisa combina avanços na tecnologia dos músculos artificiais com a tecnologia de metalentes para criar uma metalente ajustável que pode mudar seu foco em tempo real, assim como o olho humano," disse o pesquisador Alan She. "Fomos um passo além rumo ao desenvolvimento da capacidade de corrigir dinamicamente aberrações como o astigmatismo e o deslocamento da imagem, que o olho humano não consegue fazer naturalmente," acrescentou.

Metalente com músculo artificial

          As metalentes são superfícies planas dotadas de nanoestruturas projetadas com precisão para focar a luz de uma determinada maneira - elas são construídas com a mesma tecnologia dos metamateriais e das metassuperfícies. Enquanto as metalentes feitas até agora eram minúsculas, a equipe já consegue fabricar protótipos até na faixa dos centímetros. Para isso, eles tiveram que desenvolver um algoritmo que comprime a quantidade de dados envolvidos no projeto das nanoestruturas que manipulam a luz. "Como as nanoestruturas são minúsculas, a densidade de informações em cada lente é incrivelmente alta," explicou She. "Se você passar de uma lente de 100 micrômetros para uma lente na faixa dos centímetros, você aumenta a informação necessária para descrever a lente por 10.000. Sempre que tentamos aumentar a lente, só o arquivo do projeto salta para a casa dos gigabytes ou mesmo terabytes."
          No olho humano, a lente - o cristalino - é circundada pelo músculo ciliar, que estica ou comprime a lente, alterando seu formato para ajustar sua distância focal. No dispositivo robótico, esse músculo foi substituído por um elastômero dielétrico transparente que tem como propriedade óptica a capacidade de fazer com que a luz viaje com baixo nível de perda, para não interferir com a imagem. O músculo artificial de elastômero é controlado eletricamente. À medida que ele se estende, os nanopilares se deslocam na superfície da metalente, alterando a forma como a lente inteira foca a luz. A metalente pode ser ajustada controlando tanto a posição dos pilares em relação aos vizinhos quanto o deslocamento total das nanoestruturas.

Nos testes, a metalente adaptativa focaliza os raios de luz em um sensor de imagem de uma câmera (esquerda). Um sinal elétrico controla a forma da metalente para produzir as frentes de onda ópticas desejadas (mostradas em vermelho), resultando em melhores imagens. [Imagem: Second Bay Studios/Harvard SEAS]

Uso eletrônico

          Os testes mostraram que esse olho artificial primitivo consegue simultaneamente focar a luz, controlar aberrações causadas por astigmatismos, bem como executar deslocamentos da imagem. Embora seja um conceito promissor para óculos e lentes de contato inteligentes no futuro, essa tecnologia deverá encontrar aplicações mais prontamente em aparelhos eletrônicos, como câmeras, e em microscópios e telescópios.


Bibliografia:

Adaptive metalenses with simultaneous electrical control of focal length, astigmatism, and shift
Alan She, Shuyan Zhang, Samuel Shian, David R. Clarke, Federico Capasso
Science Advances
Vol.: 4: eaap9957
DOI: 10.1126/sciadv.aap9957

Large area metalenses: design, characterization, and mass manufacturing
Alan She, Shuyan Zhang, Samuel Shian, David R. Clarke, Federico Capasso
Optics Express
Vol.: 26, Issue 2, pp. 1573-1585
DOI: 10.1364/OE.26.001573



quarta-feira, 28 de março de 2018

Estação espacial está prestes a cair na Terra, mas onde ela vai acertar?

O foguete Long March 2F levou Tiangong-1 à órbita em setembro de 2011. FOTO DE LINTAO ZHANG, GETTY

          Uma estação espacial chinesa está em rota de colisão com a Terra e as previsões mais recentes dizem que ela pode cair em qualquer lugar do planeta entre 30 de março e 2 de abril. Batizada de Tiangong-1, que quer dizer palácio celestial, a nave foi colocada em órbita em setembro de 2011. A estação foi desenvolvida para ser usada em testes de tecnologias robóticas e já viu vários encontros de veículos, acoplagens e visitas de astronautas durante sua vida operacional útil. Essa atividade estabelece as bases para uma estação espacial mais permanente que os chineses planejam lançar no futuro próximo. Em maio de 2017, autoridades chinesas divulgaram o primeiro relatório para a ONU (Organização das Nações Unidas) informando que a Tiangong-1 tinha parado de funcionar em 16 de março de 2016. Embora tenha mantido a integridade estrutural, a nave está sem combustível e não pode mais ser controlada por equipes no solo.  
          Agora, circundando a Terra a uma altitude média de 320 km, a estação sofre um arrasto significativo ao encostar na atmosfera externa mais densa do planeta e está perdendo, em média, 4 quilômetros de altitude por dia. Em algum momento, a Tiangong-1 alcançará uma altitude de 69 quilômetros e reentrará em chamas na Terra. Se pedaços da Tiangong resistirem à queda, é difícil saber onde eles poderão cair no planeta. A estação gira duas vezes em torno da Terra a cada três horas e sua órbita a leva entre 43º de latitude norte e 43º sul, o que significa que todos os continentes, exceto a Antártida, são potenciais alvos.  “Tudo que podemos dizer é que ela cairá em algum lugar desse limite de latitude, e nossa resposta não mudará até ela realmente cair”, disse Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian.
          A data precisa da reentrada da Tiangong-1 é também desconhecida até hoje porque a densidade da atmosfera superior muda dependendo da atividade solar. “Quando faltar cerca de 24 horas nós talvez possamos prever a hora da reentrada para aproximadamente três horas”, disse  McDowell. 

Problema de rastreamento


          Nossa capacidade de prever como satélites em queda se comportam ainda é incipiente, em parte porque nos falta a habilidade de monitorar em tempo real a dinâmica atmosférica, diz Moriba Jah, astrodinamicista da Universidade do Texas, em Austin. “Nós não entendemos toda a dinâmica e a mecânica da atmosfera com precisão e antecedência suficientes para prever o futuro”, ele diz. “Isso se traduz em uma incerteza tão grande na trajetória orbital do objeto em queda que pode significar a diferença entre entrar no Oceano Pacífico ou no meio dos Estados Unidos.”

Uma cápsula tripulada se acopla à Estação Espacial Tiangong-1 em uma ilustração feita por uma estatal de comunicação da China em 2013. FOTO DE LI JUNFENG, IMAGINECHINA/AP

          Espera-se que a Tiangong-1 se despedace quando reentrar na atmosfera e há a possibilidade de que fragmentos pesando cerca de 100 quilos atinjam a Terra. Algo semelhante aconteceu em 1979, quando a estação Skylab da Nasa desorbitou e não se queimou tão rapidamente quanto esperado. (Partes da estação caíram na Austrália e, apesar de ninguém ter se ferido, um condado multou a Nasa por jogar lixo em seu território). Em seu relatório para a ONU, autoridades chinesas minimizaram o risco de fragmentos resistirem à queda e Jah e McDowell concordam que as chances estão em nosso favor.
          “A maior parte do planeta é coberto por oceanos então, com todas as chances, se houver alguma peça sobrevivente a maior probabilidade é que ela desça em algum lugar na água,” afirmou Jah. “Mesmo que algum fragmento caia num continente, a maioria da população mundial está centrada em áreas costeiras específicas, o que reduz ainda mais a probabilidade de alguma peça resistente atingir uma área densamente povoada.”

Espaço entulhado


          Ainda assim, a incerteza em torno da Tiangong-1 deveria servir de lição para as agências espaciais e fabricantes de satélites terem “planos B” se perderem controle de grandes recursos no espaço, afirmou Jah. A Estação Espacial Internacional, que tem o tamanho de um campo de futebol americano, está num caminho orbital similar ao da Tiangong-1, e Jah disse que a Nasa está extremamente preocupada em como desorbitá-la adequadamente no final de sua vida.
          “Talvez isso [a estação espacial chinesa desorbitando] seja a motivação para que agências governamentais do mundo todo forneçam financiamento para acadêmicos e pesquisadores realmente entenderem a ciência de reentradas, porque esse problema não desaparecerá, mas vai se repetir”, ele conta. “Os riscos também continuarão aumentando principalmente com o crescente número de objetos em órbita.” Hoje, com mais de 50 mil peças de lixo espacial sendo rastreadas na órbita ao redor da Terra, a verdadeira preocupação é com colisões em órbita, explica McDowell. “Se não começarmos a limpar o que fizemos, o espaço pode se tornar inutilizável por conta de todos os fragmentos voando lá em cima”, ele disse.

Olhos nos céus


          Por enquanto, telescópios ao redor do mundo estão observando atentamente a Tiangong-1 enquanto ela desce para seu mergulho mortal. Observadores do céu podem participar da vigília, inclusive por meio de um webcast ao vivo do Virtual Telescope Project, que será transmitido em 28 de março a partir das 12:00 UT (9:00, horário de Brasília). A estação também pode ser vista a olho nu e é fácil diferenciá-la de um avião: como muitos satélites e a EEI, a Tiagong-1 parece uma luz branca que não pisca deslizando graciosamente pelo céu.
          Quem vive em altitudes médias, tanto no hemisfério norte quanto no sul, tem boas chances de ver a reentrada da estação, dependendo da data que acontecer. Observadores norte-americanos, em particular, terão as visões mais claras da estação nas primeiras horas das manhãs desta semana, enquanto observadores que estiverem em latitudes maiores que 60não vão ver a estação aparecer no horizonte. Você pode encontrar horários específicos para observar do seu ponto de vista colocando sua localização em vários sites que rastreiam satélites, como o Heavens Above. Céu claro a todos.



terça-feira, 13 de março de 2018

Memórias preparam-se para saltar para a faixa dos Terahertz

Este gráfico ilustra as interações dos pulsos de luz terahertz (rosa) com um nanocompósito alinhado verticalmente. "B" é o campo magnético e "ETHz" é o campo elétrico THz. O filme nanocompósito inclui pilares minúsculos de óxido de zinco (ZnO) (vermelho) incorporados em uma matriz de manganita de estrôncio e lantânio (amarelo).[Imagem: Chris Sheehan]

         Um material ferroelétrico na forma de uma película de espessura atômica mostrou-se capaz de gravar dados magnéticos em uma frequência na faixa dos terahertz, mais de 1.000 vezes a maior velocidade obtida nas memórias atuais. Isto se tornou possível quando um filme de óxidos de perovskita apresentou o fenômeno conhecido como magnetorresistência colossal a temperatura ambiente.
           Além disso, o fenômeno pode ser controlado por meio de alterações de temperatura, como nas memórias de mudança de fase, por magnetismo, como nos discos rígidos atuais, ou - ainda mais interessante quando o assunto é velocidade e baixo consumo de energia - por meio de pulsos de luz. Diferente da magnetorresistência colossal convencional, observada sob campos magnéticos muito fortes e temperaturas criogênicas, o fenômeno observado nas perovskitas opera a temperatura ambiente e sob campos magnéticos de intensidade intermediária.
      A demonstração é bastante inicial, mas os resultados indicam que esses materiais ferroelétricos emergentes são adequados para a construção de componentes ópticos e eletrônicos acima da atual faixa dos gigahertz. "Isso sugere que a magnetorresistência colossal nas frequências THz pode encontrar uso em nanoeletrônica e em componentes óticos THz controlados por campos magnéticos," escreveu James Lloyd-Hughes, da Universidade de Warwick, que trabalhou com uma equipe do Reino Unido e dos EUA.

Bibliografia:

Colossal Terahertz magnetoresistance at room temperature in epitaxial La0.7Sr0.3MnO3 nanocomposites and single-phase thin films
James Lloyd-Hughes, C. D. W. Mosley, S. P. P. Jones, M. R. Lees, A. P. Chen, Q. X. Jia, E. M. Choi, J. L. MacManus-Driscoll
Nano Letters
Vol.: 17, 2506
DOI: 10.1021/acs.nanolett.7b00231



quarta-feira, 7 de março de 2018

Google apresenta Processador Quântico de 72 Qubits

À esquerda, o protótipo do Bristlecone. À direita, um esquema do processador onde cada X representa um qubit, com as conexões aos qubits mais próximos. [Imagem: Google Labs]
          O processador, batizado de Bristlecone, tem 72 qubits do tipo supercondutor. A empresa afirma que o objetivo deste protótipo é funcionar como plataforma de testes para melhorar as taxas de correção de erros, um dos grandes desafios da computação quântica, e a escalabilidade, ou seja, a engenharia necessária para ir acrescentando bits quânticos adicionais.
          Na verdade, o Bristlecone já é um escalonamento de uma versão anterior de 9 qubits. Essa versão anterior apresentou taxas de erro consideradas baixas: 1% na leitura dos valores gravados, 0,1% na confiabilidade das portas de um qubit e, mais importante em termos práticos, 0,6% nas portas de dois qubits. O consenso entre os pesquisadores da área é que a chamada "supremacia quântica", o ponto a partir do qual os processadores quânticos podem superar os processadores eletrônicos clássicos, será alcançada com um processador quântico de pelo menos 49 qubits que apresente uma taxa de erro máxima de 0,5%.

Supremacia quântica

          Como servirá como plataforma de testes, a empresa ainda não anunciou as taxas de erro do Bristlecone. De qualquer forma, a opção por aumentar largamente o número de qubits, sem se limitar aos 49 qubits que a teoria aponta como fronteira para a supremacia quântica, como fez a Intel recentemente, dá aos projetistas um campo mais amplo para experimentações e testes. "Nós escolhemos um dispositivo deste tamanho para podermos demonstrar a supremacia quântica no futuro, para investigar a correção de erros de primeira e segunda ordens usando código de superfície, e para facilitar o desenvolvimento de algoritmos quânticos em um hardware real," anunciou o Google.
          Código de superfície é uma técnica de programação de processadores quânticos que usa códigos estabilizadores compostos de qubits dispostos em duas dimensões, reduzindo significativamente as taxas de erro. Uma técnica alternativa, embora similar, é o chamado código de cores. "Pode-se pensar, por analogia, no código de superfície como um guardanapo com duas partes ásperas e duas lisas, e o código de cores como se dobrássemos esse guardanapo ao longo de sua diagonal. Como no guardanapo dobrado existem coisas novas que agora estão próximas, é possível fazer mais portas lógicas 'transversalmente'. Isso é bom porque evita a propagação de erros e é relativamente fácil. No entanto, o código de cor precisa de mais qubits para interagir em cada estabilizador, o que acaba levando a um limiar de ruído mais baixo. Assim, pode-se dizer que, embora muito similares, cada código tem suas vantagens e desvantagens," explicou o professor Fernando Pastawski, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Relação teórica entre a taxa de correção de erros e o número de qubits. A área em vermelho destaca o objetivo da equipe do Google. [Imagem: Google Labs]

Cautelosamente otimistas

          "Queremos alcançar um desempenho semelhante às melhores taxas de erro do processador de 9 qubits, mas agora em todos os 72 qubits do Bristlecone. Acreditamos que o Bristlecone pode então se tornar uma prova de princípio convincente para a construção de computadores quânticos em grande escala. "Operar um dispositivo como o Bristlecone com baixas taxas de erro requer uma harmonia entre uma porção de tecnologias, do software e da eletrônica de controle ao próprio processador. Fazer isso direito requer uma engenharia de sistemas cuidadosa em várias iterações. Estamos cautelosamente otimistas de que a supremacia quântica pode ser alcançada com o Bristlecone," disse a equipe do Google em nota.